Feliz Govardhan Puja

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De acordo com o Srimad Bhagavatan, canto 10 capítulo 24 , a definição de um devoto de Kṛṣṇa ele possui a fé forte e firme na compreensão de que, se ele simplesmente se ocupa na consciência de Kṛṣṇa e no transcendental serviço amoroso a Kṛṣṇa, ele está livre de todas as outras obrigações.
Aquele que é devoto puro do Senhor Kṛṣṇa não precisa realizar nenhuma das funções rituais prescritas nos Vedas; é tão pouco adore semi-deuses.” Sendo um devoto do Senhor Kṛṣṇa, entende-se que ele executou todas as espécies de rituais védicos e todas as espécies de adoração aos semideuses”.
Também não se realiza um serviço devocional por Kṛṣṇa ao executar as cerimônias rituais védicas ou ao adorar semideuses, mas entende-se que quem se ocupa plenamente de servir ao Senhor já cumpriu todos os preceitos védicos.
O Senhor quis impedir que os seus devotos agissem dessa forma e então durante a Sua presença em Vṛndāvana e quis estabelecer firmemente o serviço devocional exclusivo. “Por ser a Personalidade de Deus onisciente, Kṛṣṇa sabia que os vaqueiros estavam se preparando para o sacrifício a Indra, mas, por uma questão de etiqueta, começou a perguntar com muito respeito e submissão a personalidades mais velhas, como Nanda Mahārāja.”
Então questionou ao seu pai porque ele estava se preparando para esse grande sacrifício. O Senhor questionou todos os detalhes de o que seria feito, porque seria feito e questionou também se tal realização seria meramente por tradição ou se seria para seguir determinados preceitos védicos.
O pai do Senhor respondeu que deveriam ser gratos ao rei Indra pelas águas e chuvas tão necessárias para todas as atividades. O pai do Senhor disse:
“A água é muito importante; sem chuva não podemos lavrar nem produzir grãos. Não podemos viver se não há chuva. Ela é necessária para o sucesso nas cerimônias religiosas, no desenvolvimento econômico e, por fim, na libertação. Por isso, não devemos abandonar a função cerimonial tradicional. Se alguém não a executa, estando influenciado por luxúria, ganância ou medo, isso não lhe é nada bom”.
Ao ouvir isso o Senhor Krsna falou de uma forma a deixar o Deus Indra muito irado. O Senhor então sugeriu que todos parassem de realizar tais sacrifícios. O Senhor possuía duas espécies de razões para desestimular esses sacrifícios para satisfazer Indra. O primeiro , de acordo com o Bhagavad Gita de que não é necessário a adoração de semideuses para alcançar algum avanço material, todos os resultados que são alcançados perante tais adorações são somente temporários. Segundo, seja qual for o resultado temporário alcançado através da adoração de um semideus ele só é alcançado perante a permissão da Suprema Personalidade de Deus.

No entanto, às vezes os semideuses ficam arrogantes por causa da influência que possuem na natureza material e tentam se esquecer da supremacia da Suprema Personalidade de Deus.
Foi por esse motivo que o Senhor Krsna quis irritar o rei Indra.
Tendo em mente esse propósito, Kṛṣṇa começou a falar como se fosse um ateísta que defendia a filosofia karma-mīmāṁsā. Os defensores desta espécie de filosofia não aceitam a autoridade absoluta da Suprema Personalidade de Deus. Eles apresentam o argumento de que, se alguém trabalhar bem, o resultado com certeza virá. Sua opinião é que, mesmo que exista um Deus que dê ao homem o resultado de suas atividades fruitivas, não é preciso adorá-lO porque, a não ser que o homem trabalhe, Deus não pode dar o bom resultado. Eles dizem que, em vez de adorar um semideus ou Deus, as pessoas devem dar atenção a seus próprios deveres, e assim o bom resultado com certeza virá.

O Senhor Kṛṣṇa começou a falar com Seu pai de acordo com esses mesmos princípios da filosofia karma-mīmāṁsā. De que todo o ser vivo nasce de acordo com seu karma passado e deixa esta vida simplesmente tomando o resultado de seu karma atual.
O pai do Senhor e outros membros mais velhos argumentaram que sem satisfazer o Deus predominante não se pode obter um bom resultado apenas realizando as atividades materiais.
Nanda Mahārāja argumentou que, a fim de conseguir bons resultados para as atividades agrícolas, eles deviam satisfazer Indra, a deidade superintendente da provisão de chuva. O Senhor Kṛṣṇa anulou tal argumento dizendo que os semideuses só concedem a realização se cumprirem aos deveres prescritos.

O Senhor também disse que “Todas as entidades vivas recebem corpos superiores ou inferiores e criam inimigos, amigos ou pessoas neutras somente por causa de suas diferentes espécies de trabalho. Deve-se ter o cuidado de cumprir os deveres segundo o instinto natural e não desviar a atenção para a adoração de vários semideuses.”
O Senhor acrescentou também que os semideuses ficariam satisfeitos com a execução apropriada de seus deveres, sendo desnecessário adora-los.
Ao invés disso é melhor executarmos os deveres prescritos com muito esmero. De tal forma que “O dever prescrito próprio dos brāhmaṇas é o estudo dos Vedas. O dever próprio da ordem real, os kṣatriyas, é empenhar-se em proteger os cidadãos. O dever próprio da comunidade vaiśya é a agricultura, o comércio e a proteção às vacas, ao passo que o dever próprio dos śūdras é o serviço às classes superiores, ou seja, os brāhmaṇas, kṣatriyas e vaiśyas. Pertencemos à comunidade vaiśya, e nosso dever próprio é a lavoura, ou o comércio de produtos agrícolas, a proteção às vacas ou a atividade bancária”
O Senhor Supremo se identificou com a comunidade vaiśya porque Nanda Mahārāja protegia muitas vacas e Kṛṣṇa cuidava delas. De acordo com o Senhor existem quatro espécies de ocupações para a comunidade vaiśya, ou seja, agricultura, comércio, proteção às vacas e atividade bancária. Mesmo que os vaiśyas possam adotar qualquer dessas quatro profissões, os homens de Vṛndāvana se ocupavam principalmente na proteção às vacas.
O Senhor disse: “Kṛṣṇa continuou explicando a Seu pai: “Esta manifestação cósmica acontece sob a influência dos três modos da natureza material – bondade, paixão e ignorância –, que são a causa da criação, manutenção e destruição. A nuvem é causada pela ação do modo da paixão, logo é o modo da paixão que produz a chuva. E, depois da chuva, as entidades vivas obtêm o resultado, que é o sucesso no trabalho agrícola. Então, o que Indra tem a ver com isso? “

O Senhor Krisna explicou que a relação específicos era com a colina de Govardhana e com a floresta de Vṛndāvana e nada mais. E pediu ao seu pai que iniciasse um sacrifício que sastifaça os brāhmaṇas locais e a colina Govardhana, e que não tenha nenhuma ligação com Indra.
Após ouvir tal declaração Nanda Mahārāja respondeu: “Meu querido filho, já que está pedindo, vou providenciar um sacrifício separado para os brāhmaṇas locais e para a colina Govardhana. Por enquanto, porém, deixe-me realizar este sacrifício chamado indra-yajña”.

O Senhor então respondeu ao seu pai que tal sacrifício proposto poderia demorar muito e então pediu que o pai realizasse com os utensílios que serializam utilizados para o indra-yajña e usá-los agora mesmo para satisfazer a colina Govardhana e os brāhmaṇas locais.

Os pastores, então, perguntaram a Kṛṣṇa como Ele queria que se fizesse o yajña, e Kṛṣṇa lhes deu as seguintes instruções: “Cozinhem ótimas preparações de todas as espécies com os grãos e o ghīreservados para o yajña. Preparem arroz e dāl, e depois halavā, pakorā, puri e todos os tipos de preparações de leite, como arroz doce, rabrī, bolinhas doces, sandeśa, rasagullā e laḍḍu e convidem os brāhmaṇaseruditos que sabem cantar os hinos védicos e oferecer oblações ao fogo. Os brāhmaṇas devem receber toda espécie de grãos em caridade. Então, enfeitem todas as vacas e alimentem-nas bem. Depois de fazer isso, deem dinheiro em caridade aos brāhmaṇas. Quanto aos animais inferiores, como os cachorros, e quanto às pessoas inferiores, como os caṇḍālas ou a quinta classe de homens, que são considerados intocáveis, eles também devem ganhar suntuosa prasāda. Depois de se dar bom capim para as vacas, o sacrifício chamado Govardhana-pūjāpode começar de imediato. Este sacrifício Me satisfará muito”
Com esta declaração o Senhor Kṛṣṇa praticamente descreveu toda a economia da comunidade vaiśya. Em todas as comunidades na sociedade humana – incluindo os brāhmaṇas, kṣatriyas, vaiśyas, śūdras, caṇḍālas etc. – e no reino animal – incluindo vacas, cachorros, cabras etc. –, todos devem executar o seu papel. Cada qual deve trabalhar em cooperação para o benefício total da sociedade, que inclui não só objetos animados, mas também objetos inanimados, como colinas e a terra.
Com essas palavras, aprendemos também que, embora os cães e gatos, que agora se tornaram tão importantes, não devam ser menosprezamos , a proteção às vacas é mais importante do que proteger gatos e cachorros.

Celebra-se então o sacrifício chamado Govardhana-pūjā no movimento da consciência de Kṛṣṇa. O Senhor Caitanya esclareceu que, como Kṛṣṇa é adorável, Sua terra – Vṛndāvana e a colina Govardhana – também é adorável. Para confirmar isso o Senhor Kṛṣṇa disse que o Govardhana-pūjā equivale a adorá-lo.
Desde então , tem-se observado anualmente o Govardhana-pūjā, também chamado Annakuṭa no qual em todos os templos de Vṛndāvana, ou fora de Vṛndāvana, imensas quantidades de comida são preparadas nesta cerimônia e são suntuosamente distribuídas para toda a população.
Às vezes, joga-se a comida às multidões, que gostam de pegá-la do chão. Dessa maneira, podemos entender que o prasādaoferecido a Kṛṣṇa nunca se polui nem se contamina, mesmo que seja jogado ao chão. As pessoas, portanto, recolhem-no e comem-no com grande satisfação.

A Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, aconselhou os vaqueiros a pararem com o Indra-yajña e começarem o Govardhana-pūjā para castigar Indra, que estava muito arrogante por ser o controlador supremo dos planetas superiores. Os honestos e simples pastores liderados por Nanda Mahārāja concordaram com a proposta de Kṛṣṇa e realizaram com precisão tudo o que Ele aconselhou. Eles fizeram a adoração a Govardhana e circungiraram a colina. (Seguindo a inauguração do Govardhana-pūjā, as pessoas em Vṛndāvana ainda se vestem bem e se reúnem perto da colina Govardhana para oferecer adoração e circungirar a colina, levando suas vacas consigo.)

Após todos os feitos serem realizados , Kṛṣṇa, para convencer os devotos de que a colina Govardhana e Ele próprio são idênticos, assumiu uma grande forma transcendental e declarou aos habitantes de Vṛndāvana que Ele mesmo era a colina Govardhana. Então, o Senhor Kṛṣṇa começou a comer toda a comida oferecida ali. A identidade de Kṛṣṇa e da colina Govardhana ainda é honrada, e grandes devotos pegam rochas da colina Govardhana e as adoram da mesma maneira como adoram a Deidade de Kṛṣṇa nos templos. Os devotos, portanto, recolhem pequenas rochas ou seixos da colina Govardhana e as adoram em casa, porque essa adoração equivale à adoração da Deidade.
A forma de Kṛṣṇa que apareceu para comer as oferendas era separada da forma do menino Kṛṣṇa, e o próprio Kṛṣṇa, junto com outros habitantes de Vṛndāvana, começou a oferecer reverências à Deidade, bem como à colina Govardhana. Oferecendo reverências à imensa forma do próprio Kṛṣṇa e à colina Govardhana, Kṛṣṇa declarou: “Vejam só como a colina Govardhana assumiu esta forma enorme e está nos favorecendo aceitando todas as oferendas”. Kṛṣṇa também declarou naquela reunião: “Quem despreza a adoração de Govardhana-pūjā, como Eu a estou conduzindo pessoalmente, não será feliz. Há muitas cobras na colina Govardhana, e as pessoas que negligenciarem o dever prescrito de Govardhana-pūjā serão mordidas e mortas por essas cobras. Para garantir a boa fortuna de suas vacas e de si mesmos, todas as pessoas de Vṛndāvana, perto de Govardhana, devem adorar a colina como Eu prescrevi”.