por Lokasākṣī Dāsa
“É o dever de todos colocar a própria mente sob controle, oferecendo à mesma alguma gratificação sensorial mínima, assim como se controla um cavalo oferecendo a ele um punhado de grama. Isto se chama renúncia apropriada (yukta-vairāgya). Através deste processo, pode-se fazer avanço espiritual no cantar”. (Śrīla Bhaktivinoda Ṭhakura, Caitanya-śikṣāmṛta 6.5)
A palavra sânscrita vairāgya, geralmente traduzida como “renúncia”, significa literalmente “despaixão”. Ela é formada de rāga “paixão” mais o prefixo vai “desprovido de”. Dessa forma vairāgya não pode ser considerada meramente como repressão (nirodha) ou aversão (virāga), mas sim a ausência do desejo apaixonado pelas coisas temporárias do mundo material.
A repressão não é aceita por Kṛṣṇa na Bhagavad-gītā, quando Ele afirma:
karmendriyāṇi saṁyamya, ya āste manasā smaran
indriyārthān vimūḍhātmā, mithyācāraḥ sa ucyate
“Aquele que, refreando os sentidos da ação, mas que ainda assim medita em sua mente nos objetos dos sentidos, engana-se, e é considerado um hipócrita.” (Bhagavad-gītā, 3.6)
viṣayā vinivartante, nirāhārasya dehinaḥ
rasa-varjaṁ raso ’py asya, paraṁ dṛṣṭvā nivartate
“A alma corporificada pode restringir-se do prazer dos sentidos, embora o gosto pelos objetos dos sentidos permaneça. Porém, interrompendo tais ocupações ao experimentar um gosto superior, ela fixa-se em consciência” (Bhagavad-gītā, 2.59).
Portanto, para aquele que ainda não está situado na transcendência, recomenda-se o processo da purificação gradual da consciência de Krishna. Dessa forma, ao desenvolver o gosto pela transcendência, e o consequente apego (rāga) pelo Senhor Supremo, Seu nome, Suas atividades e Sua natureza transcendental, o apego (rāga) pela ilusão material automaticamente desvanece.
Sentindo-se o gosto superior perde-se o gosto pelas coisas inferiores. Isso é yukta-vairāgya, a renúncia apropriada e possível.
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