Shiva é considerado o deus dos yogis, porque está sempre absorto em meditação na Suprema Personalidade de Deus – a meta última do Yoga. Juntamente com Brahma e Vishnu, compõe a trimurti que rege os três modos da natureza – Tama, Raja e Satwa (respectivamente Ignorância, Paixão e Bondade). Enquanto Brahma é responsável pela criação, no modo da paixão, e Vishnu, pela manutenção, no modo da bondade, Shiva controla, no modo da ignorância, a destruição do mundo material.
A palavra Shiva significa ‘todo auspicioso’, porque sua personalidade simboliza o melhor da generosidade, embora ele tenha nascido da ira de Brahma – mais precisamente de um ponto entre suas sobrancelhas. Ninguém consegue ser inimigo de Shiva, porque ele é sempre calmo, renunciado e distante dos valores mundanos.
Facilmente satisfeito, é o mestre espiritual de todo mundo. Fantasmas e demônios, o estúpido e o mais elevado dos sábios. Tem a potência para salvar inclusive quem não consegue alcançar outros semideuses e não dispõe de nenhum outro abrigo espiritual. Por sua misericórdia, as criaturas mais caídas conseguem elevar sua consciência à Verdade Absoluta.
Também denominado Rudra, Shiva é considerado o melhor de todos os devotos de Vishnu. E é o mestre inspirador de uma escola filosófica de sucessão discipular, chamada Rudra-sampradaya.
Por um propósito particular, Shiva foi autorizado pela Suprema Personalidade de Deus a pregar a Filosofia Mayavada, ou Filosofia Impersonalista. Por isso, dizem que os adoradores de Shiva são impersonalistas. No Shiva Purana, ele declara à deusa Parvati, sua consorte, que em Kali-yuga, no corpo de um brahmana, ele pregaria a Filosofia Mayavada.
Essa encarnação de Shiva seria o mais brilhante dos mestres impersonalistas védicos, conhecido pelo nome de Shankaracarya. Teria sido ele o responsável pela difusão da Filosofia Mayavada na era atual. Segundo a Filosofia Mayavada, a Verdade Absoluta possui apenas o aspecto impessoal, ou Brahman, a energia que tudo permeia e na qual, como meta última, toda a criação se funde.
De acordo com as escrituras védicas, Shiva tem o pescoço azul porque bebeu um oceano de veneno e o manteve em sua garganta, sem deixar que chegasse ao estômago. Desde então, ficou conhecido também como “Garganta Azul”. Segundo as escrituras védicas, certa vez, semideuses e demônios agitaram as águas dos oceanos, produzindo veneno. Shiva, então bebeu todo o veneno produzido para que não afetasse nenhuma vida.
Shiva tem como consorte a deusa Parvati, também adorada como Durga, Kali ou Shakti. É pai dos semideuses Khartikeya e Ganesha. Vestido em pele de veado, carrega nas mãos um tambor e um tridente, e, no pescoço, uma serpente. Seus cabelos são adornados com a Lua e nele descansam as águas do Rio Ganges, que nasce dos pés de Vishnu no mundo espiritual.
O transportador de Shiva é um touro. E sua residência é a cordilheira dos montes Kailasa, cuja impressionante beleza está descrita em catorze versos no quarto canto do Srimad-Bhagavatam.
Segundo comentários do mestre A. C. Bhaktivedanta Swami, ao que parece, tal beleza descrita deve estar em outro planeta.