A natureza dos mantras védicos
Vanavihari Devi Dasi (*)
De acordo com a cultura védica, a recitação dos mantras védicos caracteriza-se pela repetição sistemática de versos constitutivos de textos védicos. Eles são transmitidos em escolas de sucessão discipular, há milhares de anos, muito antes de serem registrados.
Os mantras védicos foram concebidos e são transmitidos oralmente por sábios mestres aos seus discípulos. E assim, sucessivamente, até os dias atuais.
Quando um mantra védico é murmurado,
esta prática chama-se japa,
quando é recitado coletivamente chama-se kirtana.
A repetição dos mantras (man = mente; tra = liberação) tem o poder de liberar a mente dos condicionamentos da realidade do “mundo material”. Esta prática desloca a consciência de quem os repete para uma dimensão sutil em que é possível a comunicação com divindades.
O mantra Om Shri Vishnu Namah, por exemplo, ao ser repetido, transporta a mente de quem o recita até a divindade Vishnu, forma da Suprema Personalidade de Deus que mantém o Universo. Na verdade, o processo de repetição do mantra exclui a referência da realidade material imediata de quem o repete.
Segundo Loka Saksi Das, professor de Filosofia, mestre em Ciência da Religião e autor do livro Introdução aoSânscrito (Fundação Bhaktivedanta, SP), os mantras “são palavras que têm o poder de remover os condicionamentos da mente, por estarem em sintonia sutil e direta com a harmonia invisível e arquetípica da criação”. E a sílaba Om encontrada nos mantras védicos é uma representação de Deus sob forma de som.
As recitações de mantras são usadas em meditações, para saudação e invocação de uma divindade ou sua potência; em todo o processo das cerimônias de adoração a deidades, nos templos e monastérios; em cerimônias e rituais de purificação, consagração, sacrifícios e oferendas a divindade; em eventos sociais; e em uso militar, durante guerras, para acionar ou revidar bombas (Srimad-Bhagavatam: Canto I, cap. 7, versos 20, 27, 28).
(*) Vanavihari Devi Dasi é jornalista, Mestre em Análise do Discurso, pesquisadora da Filosofia Védica e discípula de Hridayananda Das Goswami.